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Beja recebe as XIX Jornadas do Núcleo VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

Realizaram se em Beja as XIX Jornadas do Núcleo VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna realizaram-se nos dias 25 e 26 de janeiro de 2019.
Esta foi uma oportunidade para troca de experiências, atualização, discussão e, naturalmente, convívio para os cerca de 120 participantes.
Estiveram patentes nestas jornadas 14 comunicações e 7 posters.


Na primeira mesa-redonda sobre “Novas Estratégias de Rastreio”, foram apresentados os dados do INSA referentes a 2017. A perspetiva global francamente positiva da última década não permite contudo escamotear os números da incidência e do diagnóstico tardio, ainda elevados em Portugal, relativamente à União Europeia. Igualmente preocupante é o aumento de diagnósticos entre HSH. Foi ainda feita referência às formas mais recentes de rastreio, nomeadamente nas farmácias comunitárias, e o autoteste.
Na intervenção seguinte, no contexto da saúde pública nos Serviços Prisionais, foi referido que o período de reclusão constitui uma oportunidade para o rastreio e o tratamento das doenças infeciosas. Está em vigor um modelo que prevê a deslocação dos profissionais de saúde dos hospitais aos Estabelecimentos Prisionais para prevenção, diagnóstico e tratamento do VIH e hepatites virais, de modo a agilizar a cadeia de procedimentos.
No “Autodiagnóstico e Rastreio Universal” foram apresentados os dados da ONUSIDA de 2018 que apontam para que, dos cerca de 36,9 milhões de pessoas infetadas pelo VIH no fim do ano de 2017, apenas 75% tinham conhecimento do diagnóstico, sendo prioritário encontrar outras formas de disponibilizar os testes às populações em risco.
José Robalo, Presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo, I.P. (ARSA) alertou para a necessidade de novas estratégias para diagnósticos mais precoces, no sentido de se atingir o objetivo das Nações Unidas de eliminar a epidemia até 2030. Referiu as vantagens e alguns entraves éticos dos testes de autodiagnóstico e o facto de a efetividade destes testes e outras formas de rastreio não deverem descartar a responsabilidade das unidades de saúde nesta causa.
Sobre o tema “Família e doença VIH”, foi referido que no atual panorama, a saúde reprodutiva deve ser uma área a não negligenciar no âmbito da doença VIH, sendo a constituição de família um desejo comum e incontestável dos doentes.
Na “Procriação Medicamente Assistida” foram apresentadas as várias opções de procriação para a população seropositiva. Com o “tratamento como prevenção”, surge o conceito de conceção natural.
A propósito de “VIH e Família” alguns familiares de pessoas que vivem com VIH partilharam as suas dificuldades e experiências de vida. Há necessidade de medidas mais robustas para combater a estigmatização e a discriminação.
Relativamente à estratégia atual no contexto dos “Novos fármacos, novas abordagens, mais qualidade” foram referidas as estratégias da abordagem atual da doença, nomeadamente o tratamento como prevenção, a simplificação terapêutica e a redução da toxicidade dos medicamentos e as repercussões destas medidas nas comorbilidades e na atual sobrevida dos doentes. Relativamente à temática proposta, foi referida a mudança da medicação de todos os doentes seguidos na Consulta de Doenças Infeciosas da ULSBA, de Tenofovir Disoproxil para Tenofovir Alafenamida, de um modo célere e com controlo informativo do doente.
A intervenção sobre “Estratégia Futura” centralizou-se em fármacos e em investigação e respetivos ensaios clínicos. Foram abordadas as terapêuticas duplas e ainda as terapêuticas de semivida longa, nomeadamente mensais e semestrais. Por fim, debateram-se os fármacos para tratamento de pessoas com resistências extensas aos antirretrovirais.
Na conferência sobre “Doença VIH e cura”, foram abordados alguns dos caminhos já trilhados desde o aparecimento da pandemia no sentido da cura. O “Berlin Patient”, veio trazer a certeza de que é possível a cura da infeção, com base na informação de que cerca de 1% da população caucasiana tem resistência espontânea ao VIH, decorrente de uma mutação no recetor da célula humana que permite a infeção pelo vírus. No entanto outros casos de possíveis curas funcionais tiveram recaída viral e necessidade de terapêutica continuada.
A temática “A doença VIH na 1ª pessoa” revelou a vivência de 3 seropositivos alvos de marginalização e estigmatização, mas também de progressiva inserção social, laboral e familiar.
A personalidade homenageada foi Victor Bezerra, pioneiro no seguimento dos doentes infetados por VIH no Hospital de Santarém, e na formação do Núcleo VIH.

 

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