Mais de 25 mil doentes que estavam internados em hospitais públicos foram colocados em unidades de cuidados continuados desde o início da pandemia de Covid-19.De acordo com a coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, (RNCCI), Purificação Gandra, “a RNCCI alargou a sua oferta e foi possível internar mais 25.300 doentes entre março de 2020 e março de 2021”.
A propósito do Barómetro de Internamentos Sociais, divulgado hoje pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, a Coordenadora da RNCCI afirmou à agência Lusa estar muito satisfeita com os resultados porque houve “um esforço muito grande de todas as equipas da saúde e da Segurança Social” para tentar “ao máximo obter respostas para estes doentes”.
Atualmente, a RNCCI tem uma capacidade de cerca de 9.400 camas, o que significa que quase triplicou a sua rotação com os 25.300 internamento.
Segundo a coordenadora, “foi um esforço muito grande que permitiu ter respostas a nível das camas para internar doentes Covid-19, mas passando agora a fase aguda da pandemia, que felizmente está neste momento com algum controle a nível de internamentos hospitalares, não podemos manter esta prioridade de colocação dos doentes dos hospitais porque temos também doentes nos domicílios à espera de uma resposta de continuidade de cuidados e uma vaga em cuidados continuados e temos que defender e cuidar dos doentes”, sublinhou.
A responsável também assinalou a diminuição para menos de metade do tempo de espera para colocação na rede, que passou de entre 78 e 80 dias para uma média de entre 30 e 33 dias. Sobre os 853 doentes que ainda aguardam resposta nos hospitais, reconheceu que é um número “elevado”, mas salientou que em 2020 eram cerca de 1.500.
Atualmente, há cerca de 300 doentes a aguardar colocação em lares e há 48 doentes nos hospitais públicos a aguardar uma vaga de saúde mental. Há ainda cerca de 400 doentes internados em todos o país que aguardam vaga na RNCCI e que serão colocados à medida que vão existindo vagas.
No entanto, Purificação Gandra realçou que estes números não podem ser olhados de “forma isolada” porque há fatores que têm de ser considerados, como casos que aguardam decisão do tribunal, doentes que precisam de um tutor ou que estão indocumentados e não podem transitar para nenhuma unidade enquanto o processo for resolvido.
Recorde-se que esta quarta-feira foi autorizado o alargamento da RNCCI em mais 363 camas na rede geral e 198 na área da saúde mental e que o Plano de Recuperação e Resiliência prevê a criação de mais 5.500 camas.