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Incêndios - Riscos para a saúde e recomendações

Os incêndios florestais e urbanos para além das consequências económicas e ambientais, representam riscos para a saúde das populações decorrentes não apenas dos poluentes emitidos com a combustão mas também riscos associados ao seu combate como acidentes, queimaduras, asfixia e desidratação entre outros.


 

I. RISCOS PARA A SAÚDE ASSOCIADOS AO FUMO PRODUZIDO PELOS INCÊNDIOS

A ocorrência de incêndios nas florestas contribui para a emissão de grandes quantidades de poluentes, com repercussões na qualidade do ar e com consequências na saúde das populações afetadas.

O fumo é constituído por pequenas partículas, gases e vapor de água. O vapor de água constitui a maioria do fumo. O restante inclui monóxido de carbono (CO), óxido nítrico (NO3), dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis irritantes (COV) (tóxicos do ar e partículas muito pequenas: PM2,5 e PM10).

Os componentes tóxicos presentes no fumo dependem grandemente dos materiais envolvidos e se arderam completamente (combustão) ou se apenas foram derretidos mas sem chama (pirólise).

As condições meteorológicas nomeadamente a presença de ventos e a sua direção podem favorecer ou não a combustão completa e também a dispersão das partículas a grande distância.

O monóxido de carbono produzido nos incêndios, entra na corrente sanguínea através dos pulmões e reduz a quantidade de oxigénio entregue aos órgãos e tecidos do corpo.

O perigo para a saúde de baixos níveis de CO é mais sério para aqueles que sofrem de doença cardiovascular. Em níveis elevados, a exposição a níveis elevados de CO, pode produzir dores de cabeça, tonturas, perturbações da visão, redução da capacidade de trabalho e diminuição da destreza manual mesmo em indivíduos saudáveis.

O dióxido de enxofre é um gás que no caso da população exposta possuir alguma doença respiratória prévia, potencia e agrava originando pieira e falta de ar, associado ao facto dos brônquios ficarem com calibre diminuído. Por vezes o dióxido de enxofre pode ser convertido em gotículas de acido sulfúrico o que ainda induz maior irritação na mucosa respiratória.

O dióxido de nitrogénio (NO2) é libertado durante a combustão a temperaturas elevadas. Os asmáticos são-lhe particularmente sensíveis mesmo a baixos níveis de NO2 desencadeando um aumento da reactividade brônquica que se traduz muitas vezes em crise de falta de ar.

O ozono (O3) pode causar irritação do nariz, da garganta e da traqueia.

O ácido cianídrico é produzido pela combustão tanto de materiais naturais como de materiais sintéticos nomeadamente plásticos. Sintomas como confusão mental, taquicardia e respiração acelerada podem acontecer.

A combustão de adesivos, solventes e compostos de limpeza liberta compostos orgânicos voláteis (COV). A exposição desencadeia tosse, dores de cabeça, fadiga e uma exacerbação de problemas respiratórios preexistentes.

Radicais de oxigénio altamente reactivos também são produzidos pela reacção química que ocorre no fumo.

Partículas, que podem ser sólidas ou líquidas, em suspensão no ar, resultam da combustão incompleta e têm dimensões que variam entre 0.005 mícron e 100 mícron. As partículas com tamanho inferior a 10 mícron penetram profundamente nas vias respiratórias e são potenciais provocadores de lesão pulmonar.


 

PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

Pode haver um desencadeamento ou agravamento de problemas respiratórios devido às pequenas partículas que existem em grande abundância no fumo produzido pelos incêndios e que se depositam nas vias respiratórias.

Estes efeitos podem ser mais sentidos em: grávidas, crianças, doentes com problemas respiratórios e doentes com problemas cardíacos, trabalhadores ao ar livre, bombeiros, população envolvida.


 

Para prevenir estes efeitos devem ser tomadas as seguintes medidas:

  • Evitar a inalação de partículas protegendo a boca e nariz com máscaras ou lenços húmidos;
  • Reduzir a actividade física e a utilização do tabaco. Se tem crianças não as deixe brincar na rua nem ir praticar desporto ao ar livre.
  • Deve ter particular atenção para as crianças com menos de 3 anos, porque a sua respiração é mais rápida que a dos adultos e trocam 2 vezes mais volume de ar que os adultos.
  • Permanecer no interior das habitações, mantendo as portas, janelas e tampas das lareiras fechadas Se necessário tapar frinchas existentes com panos molhados.
  • Se tiver sistemas de purificação de ar deve utilizá-los. Se tem ar condicionado deve colocar a opção de recirculação de ar tendo o cuidado de verificar se os filtros estão limpos, evitando deste modo que o ar exterior entre dentro de casa.
  • Se precisar de ir para a rua numa zona com fumo utilize um pano molhado para tapar o nariz e boca, de modo a evitar a inalação de partículas. No entanto tenha a noção que as mascaras usadas para proteger do pó, não são eficazes para proteger os seus pulmões das partículas finas do fumo. Permaneça perto do solo onde o calor e o fumo são menos intensos.
  • Se a temperatura está muito elevada dentro de casa e não tem ar condicionado recomenda-se procurar outro abrigo ou ser evacuada para zona com menos fumo.
  • Se permanecer em casa não fume, não acenda velas nem qualquer aparelho que funcione a gás ou a lenha, de modo a manter os níveis de oxigénio dentro de casa o mais elevado possível. Evite tudo o que pode aumentar a poluição dentro de casa.
  • Se tem de atravessar de carro uma zona com fumo mantenha as janelas e os ventiladores fechados, se o carro tiver ar condicionado, ligue-o em recirculação.
  • Perante uma atmosfera com fumo respire devagar, descontraia-se e não entre em pânico.
  • Os doentes cardíacos e respiratórios devem ter consigo a medicação de socorro e usá-la caso necessário.
  • Se tiver ou mantiver as queixas (ex. tosse intensa, falta de ar, peso no peito, tonturas e dores de cabeça) deve recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo.
  • Num espaço isolado (confinado) o fogo consome o oxigénio rapidamente, diminuindo o seu conteúdo no ar inalado o que provoca a asfixia do indivíduo pelo que convêm evitar esta situação sendo evacuado rapidamente da zona. Mas se acontecer não entre em pânico coloque-se mais ao nível do solo, se tiver água molhe-se com ela e peça socorro.

Se os níveis de ozono estão alterados:

  • As crianças, grávidas e os idosos devem permanecer em casa e toda a população deve evitar fazer exercício na rua;
  • Os doentes cardíacos e respiratórios devem ter consigo a medicação de socorro e usa-la caso necessário;
  • Se sentir tosse intensa, falta de ar, estridor deve recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo.

PROBLEMAS OCULARES (DOS OLHOS)

Para prevenir problemas dos olhos deve ser usada protecção ocular (óculos). No caso de existir irritação dos olhos estes deverão ser bem lavados com soro fisiológico ou água fria e limpa.


 

II . PROBLEMAS RELACIONADOS COM O EXCESSO DE CALOR

As elevadas temperaturas inerentes à época do ano agravadas pelo calor emanado pelos incêndios que grassam no nosso país aumenta os riscos para a saúde na população.


 

Os grupos populacionais mais sujeitos a estes efeitos são:

  • As crianças nos primeiros anos de vida;
  • As pessoas idosas;
  • Os portadores de doenças crónicas, nomeadamente os que sofrem de afecções cardíacas, respiratórias, renais, diabetes, obesidade e doença mental;

Medidas Preventivas a tomar relacionadas com o excesso de Calor

  • Aumentar a ingestão de líquidos, sobretudo água ou sumos de fruta natural, bebendo mesmo sem ter sede, e evitar bebidas alcoólicas, gaseificadas, com cafeína, ou ricas em açúcar; evitar também bebidas quentes;
  • Usar roupa solta, de preferência de fibras naturais como, por exemplo, algodão e de cores claras;
  • Se tiver possibilidade tome um duche de água tépida ou fria como forma de baixar a temperatura do corpo;
  • As pessoas que sofrerem de doença grave ou outra situação que as debilite nas situações de calor, não devem colaborar no combate aos incêndios.
  • Com a sudação perde-se uma quantidade importante de sal e minerais do organismo, essa falta pode ser responsável por diversos sintomas como fraqueza, cansaço, dificuldade de concentração, cãibras, entre outras, é por isso, muito importante, que para além de hidratar se reponham os sais minerais e o sal.

Esta reposição pode ser feita através de sumos de frutas que contêm sais minerais no seu estado natural ou, caso não seja possível, através de substâncias que contenham esses minerais, que se vendem nas farmácias ou as denominadas bebidas dos desportistas vendidas em supermercados.

Se houver indicação médica de dieta hipossalina (com pouco sal) ou se tiver insuficiência renal é aconselhável consultar o médico sobre a utilização destes suplementos e bebidas.


 

Problemas relacionados com o calor que podem ser EMERGÊNCIAS MÉDICAS

GOLPE DE CALOR

Ocorre quando o corpo não consegue controlar a sua própria temperatura. Os mecanismos da sudação falham e a temperatura sobe rapidamente, podendo em 10-15 minutos atingir os 39 graus Celsius, situação que pode causar a morte ou deficiência crónica se não for tratada de forma célere.


 

Sinais e sintomas:

Temperatura corporal alta, pele vermelha, quente e seca, sem suor, pulso rápido e forte, dor de cabeça, tonturas, náuseas, confusão, perda de consciência.


 

Perante esta situação é necessário:

  • Procurar ajuda médica e baixar a temperatura corporal.
  • Procurar uma sombra ou um lugar fresco e usar os métodos possíveis para baixar a temperatura, banho de água fria ou tépida, em banheira, com mangueira ou esponja.
  • Se houver contracções corporais involuntárias, não dar líquidos e prevenir que a pessoa se magoe, colocando algo na boca que impeça se morda.

ESGOTAMENTO DEVIDO AO CALOR

É devida a perda excessiva de líquidos e sal pela sudação, especialmente grave nos idosos e hipertensos.


 

Sinais e Sintomas:

  • Grande sudação, palidez, cãibras musculares, cansaço, fraqueza, dor de cabeça, náusea, vómitos e desmaio.
  • A pele pode estar fria e húmida. O pulso está fraco e rápido. A respiração rápida e superficial.

Nesta situação deve:

  • Se os sintomas forem graves ou se a pessoa tiver problemas de coração ou tensão alta procurar ajuda médica imediata.
  • Se os sintomas não forem graves ou enquanto o médico chega, deve-se fazer arrefecimento, hidratação e descanso.

CÃIBRAS

Embora, menos grave que as situações anteriores podem também necessitar de tratamento médico. Normalmente, afectam as pessoas que suam muito devido a exercício físico intenso. Podem também acontecer, apenas, devido ao calor. São especialmente perigosas nas pessoas com problemas cardíacos ou com dietas hipossalinas.


 

O que fazer:

  • Parar o exercício, procurar um local fresco e calmo, beber sumos ou bebidas com minerais.
  • Procurar o médico se as cãibras não passarem ao fim de uma hora.

III . QUEIMADURAS

A - PRIMEIROS SOCORROS EM QUEIMADURAS

É função da pele proteger o corpo contra infecções, contra a perda de água para além de regular a temperatura. É ainda um órgão sensorial para o tacto, a dor, dando-nos a sensação da temperatura e da pressão exercida sobre ela.

Quando está queimada, perdemos o controle da temperatura, dos fluidos orgânicos, da água e de barreira contra a infecção.

As queimaduras classificam-se quanto a profundidade em 1º grau, 2º grau e 3º grau. Além da profundidade, uma queimadura é tanto mais grave quanto maior for a superfície do corpo afetada.


 

As características das queimaduras estão indicadas na tabela seguinte:

Tabela1: Características das queimaduras

1º grau

2º grau

3º grau

Vermelhidão de leve a intensa

Formam-se bolhas

Ocorre destruição da pele

A pele fica branca quando pressionamos o local

Ardor intenso

Cor variável (branca, vermelha, preta)

Não há formação de bolhas (flictenas)

Área fica sensível ao frio e ao vento

Superfície seca

Presença de ardor e aumento da sensibilidade durante 2 dias

 

Exposição de tecido gorduroso

Num período de 3 a 7 dias poderá haver perda da pele

 

Dor ligeira pois as terminações nervosas foram destruídas

Nota: As queimaduras domésticas raramente ultrapassam o 2º grau e ocorrem com maior frequência em acidentes na cozinha.


 

B - QUEIMADURAS SEM FORMAÇÃO DE BOLHAS (FLICTENAS) NEM PERDA DE PELE E EM SUPERFÍCIE PEQUENA

O que deve fazer:

  • Remover fonte de calor abafando com pano se houver chama ou lançando água;
  • Arrefecer imediatamente a área queimada com água fria corrente da torneira, por alguns minutos (este procedimento é fundamental pois a área queimada está aquecida e continua a lesar a pele, podendo aprofundar-se, formando bolhas; quanto mais rapidamente for arrefecida, menos grave será a queimadura);
  • Retirar, se possível, objectos que armazenem calor, por exemplo: anéis, colares, brincos, cinto, objectos de metal ou de couro;
  • Proteger a área queimada com gaze, lenço ou pano limpo;
  • Se não abranger área entre os dedos, face ou genitais e poucos centímetros quadrados da pele, pode-se fazer curativo com gaze gorda.

C - QUEIMADURAS COM FORMAÇÃO DE BOLHAS (FLICTENAS) E/OU PERDA DE PELE

O que deve fazer:

O mesmo que na situação sem bolhas

  • Informar se está vacinado contra o tétano; se não estiver vacinado, deverá fazê-lo no seu Centro de Saúde;
  • Procurar imediatamente atendimento por um profissional de saúde.

O que não deve fazer:

  • Furar ou rebentar as bolhas;
  • Retirar roupa ou substâncias que estejam aderentes;
  • Não realizar o arrefecimento com água pelo risco de infecção devido à perda da protecção da pele;

NUNCA use nas queimaduras:

  • Pasta de dentes
  • Manteiga ou margarina
  • Óleos de qualquer tipo
  • Pomadas caseiras (sem orientação médica)
  • Quaisquer outros produtos
  • Não cobrir com panos

IV- PROBLEMAS RELACIONADOS COM FALHAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Em consequência dos fogos florestais e urbanos podem surgir cortes no abastecimento de água da rede levando à necessidade de recorrer à utilização de outros recursos de água (abastecimentos de água alternativos).

Nestas situações devem ser tomadas medidas a fim de prevenir riscos para a saúde decorrentes da sua utilização para consumo humano.


 

1. MEDIDAS BÁSICAS DE DESINFECÇÃO DA ÁGUA A ADOPTAR

A. FERVURA DA ÁGUA DESTINADA A INGESTÃO

A fervura é uma maneira muito eficaz de destruir praticamente todos os organismos potencialmente patogénicos para o homem (bactérias, parasitas, etc...).


 

Como o fazer correctamente:

  • Ferver a água pelo menos durante 5 minutos (não esquecer que esta só está a ferver quando se agita violentamente no recipiente e são expelidas bolhas gasosas);
  • Pode-se juntar uma gota de limão à água fervida para melhorar o seu sabor;
  • Colocar a água fervida num recipiente tapado e de preferência em local fresco.

B. DESINFECÇÃO QUÍMICA

Para a desinfecção da água são usados produtos à base de cloro ou de iodo.


 

B.1. DESINFECÇÃO COM UTILIZAÇÃO DE CLORO

Pode-se optar por uma lixívia comercial (à base de hipoclorito de sódio, sem corantes nem detergentes).

Como o fazer correctamente:

  • Juntar a lixívia à água nas doses abaixo referidas na tabela 2, com conta-gotas (verificando a concentração do hipoclorito de sódio da sua embalagem);
  • Misturar bem o produto na água;
  • Deixar a actuar entre 20 a 30 minutos;
  • No caso de dúvida na dose utilizar 2 gotas por litro de água.

Tabela 2: Cloração de água para beber e usos domésticos com lixívias comerciais ou solutos de hipoclorito de sódio de acordo com a concentração

Concentração da lixívia em hipoclorito de sódio

(%)

1 litro

2 litros

10 litros

1%

4 gotas

8 gotas

40 gotas

2%

2 gotas

4 gotas

20 gotas

4%

1 gota

2 gotas

10 gotas

8%

-

1 gota

5 gotas

10%

-

1 gota

4 gotas


 

B.2. DESINFECÇÃO COM UTILIZAÇÃO DE IODO

Pode-se optar pela tintura de iodo, à venda nas farmácias.

Como o fazer correctamente:

  • Adicionar 2 gotas a cada litro de água a desinfectar;
  • Misturar bem;
  • Deixar actuar entre 20 a 30 minutos antes de consumir a água.

EM CASO DE DÚVIDA OU NECESSIDADE DEVE CONTACTAR:         

SAÚDE 24: http://www.saude24.pt


ou

O SERVIÇO DE SAÚDE MAIS PRÓXIMO

 

 

Fonte: DGS