Efeitos do calor sobre a saúde:
A exposição a temperaturas extremas, elevadas, pode originar uma resposta insuficiente do sistema termoregulador, condicionando a capacidade do corpo humano em compensar as variações da temperatura corporal e alterando as funções vitais.
Devido às temperaturas elevadas as pessoas perdem líquidos e eletrólitos, necessários ao normal funcionamento dos diferentes órgãos.
O corpo humano através do sistema de termoregulação procura manter uma temperatura corporal interna constante de 37ºC. Em períodos de calor intenso, o arrefecimento do corpo assenta na produção de suor que se evapora.
Quando associado o calor intenso a níveis de humidade do ar elevadas o suor não evapora tão depressa como seria desejável parando a evaporação do suor quando a humidade relativa atinge os 90%. Nestas circunstâncias, a temperatura do corpo aumenta e a consequente subida da produção do suor pode levar à desidratação excessiva, podendo provocar danos irreversíveis no cérebro ou em outros órgãos ou até mesmo à morte.
A exposição a calor intenso e continuado durante vários dias consecutivos pode provocar problemas de saúde tais como: cãibras, esgotamento, desidratação e golpes de calor, com sintomas e sinais que podem originar alterações neurológicas e coma.
Os grupos mais vulneráveis são:
• População com idade superior a 65 anos;
• Crianças com idade inferior a 5 anos;
• Pessoas acamadas e com défice de mobilidade;
• Portadores de doenças cardiovasculares, respiratórias e mentais (demências, parkinson), diabetes mellitus e obesidade excessiva;
• Pessoas sobre medicação com: diuréticos, neurolépticos, anticolinérgicos e tranquilizantes;
• Pessoas que vivem sós e isoladas e pessoas sem abrigo;
• Pessoas que vivem em condições habitacionais com défice de conforto térmico;
• Pessoas expostas a temperaturas ambientais elevadas por razões laborais, desportivas e de lazer;
Há um risco aumentado de mortalidade associado ao calor excessivo, o que contribuiu para a inclusão desta causa de mortalidade na décima revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças, Causas de Morte e Problemas Relacionados com a Saúde (CIE-10), código X.30: “Exposição ao calor natural excessivo”.
Prevenção dos Efeitos do Calor na Saúde:
Medidas a tomar pelos Serviços de Saúde
• Divulgação de informação sobre os riscos para a saúde decorrentes da exposição ao calor intenso.
• Divulgação de informação através das Unidades de Saúde, das redes sociais – Comissões Locais de Ação Social e da comunicação Social sobre medidas preventivas durante o verão e especialmente nos períodos mais críticos de temperaturas mais elevadas.
• Concertar com os diferentes setores da comunidade a intervenção e apoio em situação de temperaturas extremas.
• Preparar planos específicos de ação tendo em atenção os grupos mais vulneráveis da comunidade.
• Sensibilização e educação para a saúde especialmente dirigida a cuidadores de pessoas com doenças crónicas, crianças e idosos e responsáveis pela saúde e segurança no trabalho.
• Especial atenção na identificação de pessoas que vivem sós e isoladas e pessoas sem-abrigo, assim como as que vivem em condições de habitação deficientes.
• Especial atenção por parte das unidades de saúde aos doentes com doenças crónicas e/ ou a fazer determinados medicamentos.
• Ter em atenção a ocorrência de eventos em horários mais críticos.
• Divulgação dos contactos de apoio a nível nacional - SNS 24 – Tel: 808 24 24 24.
Medidas a Adotar pela População:
Para Todos
• Aumentar a ingestão de água ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.
• Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.
• Tomar refeições leves e mais frequentes.
• Evitar refeições muito condimentadas.
• Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco ou com ar condicionado.
• Evitar mudanças bruscas de temperatura.
• Evitar a exposição direta ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas.
• Usar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar.
• Usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão.
• Usar chapéu, de preferência com abas largas.
• Usar óculos com proteção contra a radiação UVA e UVB.
• Diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados.
• Evitar atividades que exijam esforço físico intenso.
• Evitar que o calor entre dentro das habitações de dia, através de persianas ou portadas e manter o ar circulante dentro de casa durante a noite.
• Ajudar as pessoas que vivem isoladas, as pessoas idosas, pessoas frágeis ou com dependência da comunidade, a protegerem-se do calor.
• Nunca deixar animais de estimação dentro de veículos estacionados ao sol.
Grupos Vulneráveis
• As pessoas que sofram de doença crónica ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico ou contactar a SNS 24 – Tel: 808 24 24 24.
• Oferecer água e estar atento e vigilante com os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, que podem não sentir ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis.
• Evitar as consequências nefastas do calor, particularmente no caso de crianças, pessoas idosas ou pessoas com doenças crónicas. Se não se dispõe de ar condicionado, procurar locais existentes a nível local que tenham ambiente fresco.
• No período de maior calor tomar duche de água tépida ou fria. No entanto deve evitar mudanças bruscas de temperatura.
• Não tomar um duche gelado imediatamente depois de ter apanhado muito calor. Pode causar hipotermia, principalmente em pessoas idosas ou em crianças.
• Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.
Em Viagem
• Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento. Se o carro não tiver ar condicionado, não feche completamente as janelas.
• Sempre que viajar levar sempre água ou sumos de fruta naturais sem adição de açúcar e parar para os beber.
Praia
• Usar, sempre que se exponha ao sol, um protetor solar com um índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) renovando a aplicação sempre que estiver exposto ao sol (de 2 em 2 horas) e se estiver molhado ou se transpirou.
• Ter presente nas idas à praia que as radiações solares podem provocar queimaduras da pele, mesmo debaixo de um chapéu-de-sol e que a água do mar e a areia também refletem os raios solares, assim como que estar dentro de água não evita as queimaduras solares das zonas expostas.
• As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar-se a exposição direta ao sol, de crianças com menos de três anos.